PCC também perde o controle dos comandadosTraficante revela que, além da PM, líderes também enfrentam dificuldades para administrar a facção

Posted On 28/11/2012

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PLÍNIO DELPHINO
pliniod@diariosp.com.br

A facção PCC perdeu o controle no combate que trava com a Polícia Militar. A declaração é do traficante Leandro Rafael Pereira da Silva, o Léo Gordo, de 28 anos, preso na semana passada sob acusação de participar da morte de um policial militar e ordenar assassinatos de PMs.

Em depoimento gravado pela Polícia Civil ao qual o DIÁRIO teve acesso, Léo Gordo explica que foi escolhido para repassar a ordem da liderança do crime organizado porque saiu da cadeia recentemente (julho). A ordem era para revidar os casos em que a Rota (tropa de elite da PM) matava suspeitos e forjava trocas de tiros, segundo o acusado. “Eu recebi o salve (a ordem)  e passei pros (sic..) irmão concluir (matar). Só que foi brecado o salve devido aos cara tá matando (sic..) muita gente inocente. Até faleceu PM que trabalhava na parte interna. Tavam (sic..) dando tiro na viatura, coisa que não era pra acontecer”, revelou.

Em 2012, 94 policiais militares foram assassinados, apenas três em serviço, segundo a PM. Na quarta-feira, a Secretaria da Segurança Pública divulgou os índices da violência. O número de vítimas de assassinato na capital aumentou 115% em relação ao mesmo mês de 2011: foram 176 pessoas mortas.

A Polícia Civil descobriu que Léo Gordo mantinha uma boca de tráfico na região do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo, e investiga lavagem de dinheiro das drogas em uma empresa de transporte com utilização de vans mantida pelo traficante. Com o acusado, a polícia prendeu Wellington Viana Alves, o Baré, de 32 anos. Em escutas telefônicas, segundo a polícia, Baré pergunta a Léo Gordo se a facção PCC ordenou realização de toque de recolher na região. A resposta foi negativa.

A investigação identificou pelo menos outros quatro criminosos envolvidos nas mortes dos PMs Flávio Adriano do Carmo, de 45 anos, dia 13 de outubro, em uma padaria do Jardim São Luís, e  Renato Ferreira da Silva Santos, de 29 anos, em 4 de outubro, no Jardim Arpoador, Zona Oeste.

Os bandidos procurados são ladrões de caixas eletrônicos e deveriam cumprir as ordens repassadas por Léo Gordo. A Polícia Civil conseguiu identificar uma ação da quadrilha e salvou a vida de um cabo da Rota. Investigadores ligaram para a padaria em que ele estava, no Campo Limpo, explicaram a situação de risco e o PM fugiu a tempo. Quando os matadores chegaram à padaria, o PM estava a salvo.

Mandantes/ Francisco Antonio Cesário da Silva, o Piauí, e Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, são acusados de ordenar mortes de policiais militares e foram transferidos para o presídio federal de Porto Velho, em Rondônia.

CONFISSÃO DE FALTA DE COMANDO*

Policial civil_ Explique desde o começo como foi a “caminhada” (as missões a serem cumpridas).

Léo Gordo_ O salve (a ordem) chegou pra mim. Eu já tinha ciência do salve. Eu recebi o salve e passei pros irmão concluir (matarem). O salve é das injustiça que tava tendo, que a Rota tava matando e forjando. E a caminhada é que cada região tá concluindo um PM.

Policial civil_ E  qual era o prazo que vocês tinham para executar os PMs?
Léo Gordo_ Era dez dias. Só que nisso aí foi brecado o salve devido aos cara tá matando muita gente inocente. Até faleceu PM que trabalhava na parte interna. Tavam dando tiro na viatura, coisa que não era pra acontecer.

Policial civil_ O que era para ser feito. Qual era a missão, então?
Léo Gordo_ As ideia não era essa. As ideia era cada injustiça que a Rota fosse fazer. Não atitudes isoladas e pegar PM fazendo bico. A caminhada era pra atingir a Rota. Não pra atingir os PMs que trabalham na parte interna e fazendo bico e nem PM nenhum fardado.

Policial civil_ Quando você fala (ao telefone, que está grampeado) que o prazo tá vencendo que já tá vindo cobrança e você fala, vamos catar qualquer pingaiada (qualquer policial) que tá por aí….
Léo Gordo_ Eu me lembro dessas ideia, só que não foi eu que falei essa situação. Essa situação chegou em mim e eu até brequei. Falei, não é desse jeito, não.

Policial civil_ Se era pra matar um por quebrada porque vocês estavam atrás pra matar mais?
Léo Gordo_ Não. Eu tava na ordem do salve correto. Que chegou até nós. Era um só.

Policial civil_ O Daré te ligou perguntando se tinha salve do PCC para toque de recolher. E o que você respondeu pra ele?
Léo Gordo_ Que não.

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